Simbiose destrutiva

Por mais que se revolvam modelos de governo hoje vigentes em todos os continentes, dificilmente iremos achar algum mais confuso e atípico do que aquele em que se encontra mergulhado o Brasil. Não se pode achar desrespeitosa a capa da revista “Veja”, realçando uma hipotética, mas existente “República Federativa da Odebrecht”, expressão que, se não é o retrato, é a caricatura da República Federativa do Brasil de hoje. Quem consegue resumir em poucas palavras a grotesca situação a que conseguimos chegar é o jurista gaúcho Flávio Bierrenbach, ao afirmar que o Brasil tem uma democracia “financiada por bancos, frigoríficos e empreiteiras”. Para ele, nem é preciso procurar muito para se concluir que uma das principais causas da quebradeira da Previdência Social é que “os seus maiores devedores são exatamente os bancos, os frigoríficos e as empreiteiras”.

Não admira, portanto, que os três setores, beneficiados por uma falta de rigorosa cobrança, tenham lucros estratosféricos a ponto de poderem oferecer propinas multimilionárias a deputados, senadores e ministros, sem se falar na generosidade com candidatos em todos os níveis. Com tais absurdos, em vez de uma associação produtiva entre os empresários que predominam na nossa economia e o governo, temos uma simbiose deletéria, capaz de minar a saúde econômica e política da Nação. Para mais agravar esse clima de desordem moral e política que assola o País, juristas são acordes em reconhecer que essa insustentabilidade institucional se deve, em grande parte, ao descumprimento da Constituição de 1988, e, principalmente a uma Lei Eleitoral que, sem ser reformada, permite todo o tipo de ilegalidade. Assim, não exagera o ex-ministro do STF Ayres Britto, para quem a democracia brasileira “precisa ser reconstruída”.

Pólo fundamental Para o presidente da Fiec, Beto Studart, a liberação, pelo governador Camilo, de recursos para o pólo Petroquímico do Ceará vem tornar realidade o sonho de abnegados que há muito tempo vêm lutando por esse empreendimento. Trata-se da complementação de um setor fundamental para as indústrias.

Cobertura. Segundo declara o titular da Sefaz, Mauro Filho, o Governo do Estado, a cada ano vem tendo que realocar recursos de outras áreas para cobrir os seguidos e crescentes déficits da Previdência Estadual.

Preocupante. Ontem, em Limoeiro do Norte, audiência das comissões de Desenvolvimento Regional e Recursos Hídricos debateu impactos sócio-econômicos da crítica situação do rio Jaguaribe, fundamental para a região.

Corredor maior. Aprovado pela CMFor projeto do presidente Salmito Filho, que faz da Avenida Monsenhor Tabosa – com suas mais de 700 lojas e maior recinto comercial a céu aberto da América Latina – corredor turístico.

Decisiva. Visando resolver, por meio do Programa Fortaleza-2040, o problema da Praia do Futuro, o prefeito RC terá reunião, dia 24, no Paço, com o setor turístico, AGU, Governo do Estado, CMFor e donos de barracas.

Desfalque. Silenciosamente, o deputado Audic Mota está preparando o desembarque das suas tropas no DEM. Mais um grande quadro que o PMDB perde por absoluta inabilidade da cúpula.

Atribuição. O deputado Heitor Férrer (PSB) vai remeter ofício ao procurador Alessandro Sales, no sentido de que passe a ser atribuição do MPF investigar as licitações do Castelão, Centro de Eventos, CFO e outros. Terá propina?

Desencanto. Em seu desencanto com a política, o ex-ministro Joaquim Barbosa, do STF, tem rejeitado verdadeira “procissão” de partidos que o querem filiado, entre estes, PSB, Rede e – acredite– até o PT.

Vassourada . Para o deputado Domingos Neto, presidente do PSD-CE, só com a proibição de coligações proporcionais e rigorosas cláusulas de barreira, será possível reduzir para 10 ou 12 o número de partidos.

Esconderijos. Segundo afirma o presidente regional Luiz Pontes, a idéia no âmbito do PSDB é expulsar quem não provar inocência. A seu ver, muitas pessoas sem ficha limpa terminam se “escondendo” nos partidos.

Sem reformas. Na visão do deputado Fernando Hugo (PP), com a extensa lista de congressistas envolvidos em denúncias, torna-se difícil crer em reformas como as da previdência, do trabalho e política, a mais atrapalhada de todas.

Paralisia. Ao pressionar o STF pela convocação imediata de juízes federais auxiliares para ajudar nos processos da Lava Jato, a OAB adverte que aquela corte poderá ficar paralisada com o acúmulo de casos.

“As divergências entre partidos políticos de tendências antagônicas não podem causar mais do que confusão à democracia”. Benjamin Franklin (1706-1790) político, cientista e inventor norte-americano.