A intervenção federal na área da Segurança Pública expôs uma preocupação para os outros estados: a possibilidade de migração dos criminosos para diferentes regiões do Brasil.
Em meio ao debate sobre a onda de violência e a crescente atuação das organizações criminosas, parlamentares já alertam sobre a necessidade de reforçar a atuação preventiva nas outras unidades da federação.
O deputado federal Danilo Forte (DEM) diz que experiências anteriores reforçam a necessidade de intensificar a atenção com a segurança dos demais Estados. Ele avalia que durante o período de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro, entre 2008 e 2014, novos grupos criminosos surgiram no Ceará.
“O receio é que aconteça o mesmo com o início da intervenção. Não existia facção no Ceará e elas chegaram exatamente no momento em que começou a instalação das UPPs no Rio. Hoje, essas facções criaram uma infraestrutura local que amedronta as famílias cearenses”, avalia.
Intervenção
O democrata defende que a mesma medida de intervenção seja adotada no Ceará. “Nosso estado possui 8,8 milhões de habitantes e no ano passado somou 5.134 homicídios. No Rio de Janeiro, com 16,4 milhões de habitantes, aconteceram 6.248. Ao compararmos, é uma diferença pequena de homicídios para o dobro da população. Se conseguimos responder ao Rio de Janeiro, precisamos responder outros estados que estão sofrendo do mesmo problema. O cearense é tão brasileiro quanto o carioca”, destaca.
Ceará
Danilo lembra que, no último domingo, o Governo Federal anunciou o envio de uma força-tarefa da equipe de inteligência da Polícia Federal para o Ceará, o que, para o parlamentar, não é suficiente. Ele ressalta que o Estado é um ponto estratégico para a passagem do tráfico. “Não basta 36 homens da inteligência. Não é momento só de diagnóstico. É momento de enfrentamento, de buscar criar um antídoto para essa epidemia. O Ceará não produz arma e nem droga, mas é ancoradouro de facções focadas no tráfico internacional de drogas e de armas”.
Jungmann
Na noite da última segunda-feira (19), Danilo Forte participou de encontro com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, em busca de levar o debate para dentro do Governo. Uma nova reunião com a participação do ministro da Justiça, Torquato Jardim, ficou acertada para apresentação de dados que serão levantados com o auxílio do Conselho Estadual de Segurança Pública do Ceará, e possibilitarão a avaliação da necessidade de intervenção no Estado.
Corte
Outro ponto de reclamação entre os parlamentares é o corte de recursos repassados pelo Governo Federal para o Ceará, aprovado pelo Congresso Nacional na última terça-feira (20), afetando áreas como segurança pública, educação e saúde. Sobre o assunto, o deputado estadual Heitor Férrer (PSB) ressalta que apenas na segurança pública o corte é de R$ 18 milhões, em um momento crítico que o Estado atravessa na área. “Cortar recursos da segurança pública no auge da crise é banalizar a violência que estamos vivenciando, além de ser uma contradição ao envio de força-tarefa Federal para atuar no combate ao crime organizado aqui”, apontou Férrer.
Bancada
O deputado questionou a influência da bancada Federal cearense junto ao Governo Federal para impedir os cortes. “Não temos nem como dimensionar e tentar concretizar o prejuízo destes cortes no cotidiano da população, e me pergunto onde estão os deputados federais e senadores cearenses, e onde está o prestígio da nossa classe política e lideranças em momentos como este?”, questionou.
E ainda
Já a deputada Mirian Sobreira (PDT) manifestou preocupação com os rumos do País sob a atual administração Federal. “Não sabemos o que vai acontecer amanhã, pois todos os dias vemos redução de investimentos e congelamento de gastos, quando na verdade deveríamos nos fortalecer, especialmente em áreas como a segurança pública”, enfatizou.
Com informações do OE
Fonte: Política com K