Movimento de Camilo tenta viabilizar vacina cearense

O governador Camilo Santana (PT) fez, nesta terça-feira (11), um anúncio sobre o andamento das pesquisas realizadas pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) para desenvolver uma vacina própria contra a covid-19. O gestor, ao lado do secretário estadual da Ciência e Tecnologia, Inácio Arruda, e do reitor da Uece, Hidelbrando Soares, destacou que o processo já envolve a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que dará “todo o apoio necessário” para dar continuidade ao estudo.

“A vacina está na fase de pré-teste e agora aguarda o credenciamento da Anvisa para o avanço das fases. O Ceará é um dos estados que mais investem em ciência e tecnologia no país, reafirmando nosso compromisso com a educação e a pesquisa científica”, disse Camilo, em pronunciamento sobre o tema, ressaltando ainda o uso do Capacete Elmo, contribuição cearense para o enfrentamento à pandemia.

Com isso, o Ceará chega – ainda que atrasado – na corrida das vacinas, devendo iniciar agora, caso consiga a autorização da Anvisa, os testes para a aplicação do imunizante. No momento atual, a vacina se encontra na fase clínica e, passando dessa etapa, será dividida em três fases: na primeira, com tetes em 100 pessoas adultas, de 18 a 60 anos, sem comorbidades; na segunda, com pessoas acima de 60 anos, com comorbidades; e na terceira, os testes serão aplicados em milhares de pessoas com perfis diversos.

Nos primeiros meses de 2021, o desenvolvimento, produção e distribuição de vacinas contra a covid-19 no Brasil foi um dos principais temas de embates políticos no cenário nacional, particularmente com as investidas entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador paulista João Doria (PSDB). Com a hipótese de o Ceará ter sucesso em desenvolver uma vacina contra a covid na Uece, a conquista efetivamente passa a ser também munição para Camilo e a base aliada de modo geral para as disputas em 2022.

Pesquisa
Iniciada em abril de 2020, a pesquisa da vacina HH-120-Defenser é desenvolvida no Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular da Uece (LBBM), liderado pela professora imunologista Izabel Florindo Guedes. Ela propõe uma nova forma de uso de um coronavírus aviário atenuado, que está no mercado há décadas e que não causa infecção em seres humanos. A primeira parte do estudo, que realizou testes em camundongos, foi concluída com sucesso.

Deputado
O anúncio vem no mesmo dia em que o deputado estadual Heitor Férrer (Solidariedade) levou sua preocupação sobre o assunto às redes sociais, cobrando que o Governo do Estado apoie a iniciativa. “Governador, apoie esse projeto. É importante, porque não podemos continuar como se fosse carroça, sem ciência e tecnologia. O Ceará poderia estar à frente de tudo isso, como a Pfeizer, BioNTech, AstraZeneca, dando exemplo para o Brasil e o mundo, então vamos incentivar a pesquisa em nosso Estado”, pontuou.

Na ocasião, o deputado também criticou a destinação de recursos à ciência e tecnologia no Ceará, pontuando que a Constituição estadual exige um mínimo de aplicação de 2% das receitas tributárias na área e que isso não vem sendo obedecido. “Toda vez eu voto contra as contas de governo, mesmo o Tribunal [de Contas do Estado] sugerindo aprovar, porque o governo descumpre a Constituição do Ceará e eu vejo o drama dos pesquisadores.”

Heitor Férrer também fez alusão a uma declaração feita por um dos responsáveis pela pesquisa, dizendo que, com auxílio financeiro e se tudo der certo, o estudo poderia ser concluído em um ano, mas sem esse suporte não há previsão para a finalização – ou sequer se poderia ser finalizado. Com a demonstração pública de suporte de Camilo e a sinalização por parte de Inácio Arruda de que o governo vai garantir os recursos necessários, a projeção de finalização dos trabalhos em um ano ganha força.

Fonte: https://oestadoce.com.br/politica/movimento-de-camilo-tenta-viabilizar-vacina-cearense/