Em artigo anterior discorri sobre a ação de algumas mulheres na seara política do nosso Estado. São tantas que a exiguidade do espaço de um artigo não comporta maiores incursões analíticas sobre o tema, digno de ensaio sociológico que requer o apoio metodológico imprescindível da Ciência Política, tais as nuances e vieses que o tema pode abordar. Vale, no entanto, por agora, lembrar a presença no Poder Legislativo do Ceará, em segundo mandato, a figura da deputada Aderlânia Noronha, bela e discreta, que tem demonstrado gosto pela política e empenho na condução dos negócios parlamentares que dão sustentabilidade aos vários municípios que compõem sua base eleitoral e de seu esposo, o deputado federal Genecias Noronha, condutor no Ceará do Partido Solidariedade, que conta em seus quadros com outro nome de peso na história do Parlamento cearense, o deputado Heitor Férrer.
No rol de mulheres que se altearam na atividade política de nosso Estado, não pode faltar sob nenhuma hipótese a nome exponencial de Dona Luíza Távora, que mesmo não tendo ocupado cargo eletivo, é personalidade de primeira grandeza na história Política e Administrativa do Ceará, tendo influenciado o marido, Virgílio Távora, duas vezes governador, pelo afeto e pela ação como conselheira sempre atenta e bem ouvida. Inteligente, experiente, sensível, espírito bondoso de cristã dedicada às coisas do povo e profunda conhecedora dos negócios do Estado, Luíza Távora, na condição de Primeira Dama, foi uma espécie de governador paralelo, que no ambiente doméstico dava o necessário suporte emocional ao governador nos momentos de tensão, assim como o aconselhamento para a tomada serena das decisões que o marido tantas vezes adotou com precisão e acerto.
Por pertinente, vale ressaltar a observação formulada pela professora Moíza Sibéria Silva de Medeiros, em dissertação subordinada ao título “PRIMEIRO-DAMISMO NO CEARÁ: Luíza Távora na gestão do social”, na qual escreve: “Em sua vida de mulher de político, Luíza se dividia entre os afazeres domésticos, o cuidado com os filhos, com os membros da família, as obras de caridade e o apoio a Virgílio. Buscava sempre dar apoio aos projetos de seu marido, incentivando-o e opinando em suas decisões. Essa postura de Luíza, porém, apresenta certo avanço em relação à tendência da época. A mística feminina propugnava o mito da rainha do lar, não sendo a política lugar de mulher. Luíza, porém, participava da política como grande articuladora dos projetos de Virgílio, seja exercendo influência através da persuasão em suas decisões, seja divulgando sua imagem através das obras sociais que realizava.”
Fonte: oestadoce